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Síndrome do Coração Partido: o que é e quais os sintomas?

O coração sente as emoções. E, as consideradas negativas, como estresse, tristeza, angústia, acentuadas durante a pandemia, podem afetar em cheio o coração e causar uma doença ainda rara chamada de Síndrome do Coração Partido – ou cardiomiopatia de Takotsubo. Os efeitos desequilíbrios emocionais e físicos do corpo podem resultar em uma disfunção no funcionamento do músculo cardíaco, ocasionando sintomas próximos ao do infarto, como dor no peito, falta de ar ou cansaço.

A Síndrome do Coração Partido pode surgir em momentos de grande estresse atravessados pelas pessoas e pode estar relacionada a traumas, como casos de rompimento de relações afetivas, morte de um ente querido e perda de emprego. Desse modo, a doença pode ser desencadeada por questões psicológicas que acabam por afetar o desempenho, o ritmo e as funções do coração. Para entender melhor do que se trata a Síndrome do Coração Partido e quais os sintomas, preparamos este artigo. Acompanhe a leitura!

O que é Síndrome do Coração Partido?

Para começar, a Síndrome do Coração Partido é uma disfunção cardíaca desencadeada quando uma pessoa passa por uma experiência de emoção negativa muito forte. Como citamos acima, pode se tratar de términos e rompimentos afetivos, mortes, o surgimento de doenças graves na família ou a perda de emprego.

A doença pode estar relacionada ao excesso de adrenalina, provocado pelo trauma atravessado, que afeta e prejudica o funcionamento do músculo cardíaco, causando alterações importantes. Os efeitos dessa descarga de emoções no coração podem levar a sintomas semelhantes ao do infarto, como veremos a seguir.

Definida pela American Heart Association como uma cardiopatia adquirida primária, a Síndrome do Coração Partido é responsável por 1% a 2% dos casos de síndrome coronariana aguda, que correspondem aos sintomas atribuídos à oclusão das artérias coronárias.

Como o músculo cardíaco é afetado pela Síndrome do Coração Partido?

Mas como os problemas emocionais podem atingir o coração? Bem, as questões psicológicas sofridas pelo indivíduo podem gerar disfunções físicas, como alterar o funcionamento dos ventrículos do coração, que passam a não contrair corretamente. Neste sentido, o organismo, sob pressão e desregulado, pode simular um infarto do miocárdio.

De forma geral, situações de forte emoção podem provocar aumento na produção de adrenalina e de outros hormônios do estresse pelas glândulas adrenais. Essa descarga de adrenalina na corrente sanguínea pode levar a um estreitamento temporário nas artérias, responsáveis pela irrigação do coração e, assim, interferindo no funcionamento do músculo cardíaco.

Assim, a Síndrome do Coração Partido pode ser compreendida como um descompasso temporário no funcionamento do coração, uma espécie de paralisia transitória do ventrículo esquerdo, deixando-o sem força para dar conta de impulsionar sangue suficiente para o resto do corpo.

Então, de imediato, o organismo, como forma de responder a essa sobrecarga, pode produzir sintomas semelhantes aos do infarto agudo do miocárdio. O coração sente o baque, sofre e se enfraquece.

Síndrome do Coração Partido e a pandemia

Como dissemos no início deste artigo, a Síndrome do Coração Partido passou a ser debatida com mais ênfase durante a pandemia da Covid-19, em razão das profundas transformações sociais, sanitárias e econômicas vivenciadas pela humanidade diante do enfrentamento do vírus.

Assim, um estudo realizado nos Estados Unidos, por pesquisadores da Cleveland Clinic, em Ohio, apontou que os casos de Síndrome do Coração Partido tiveram um salto durante a pandemia. O estudo foi publicado no portal JAMA Network Open, em 2020.

A pesquisa norte-americana observou, primeiro, quatro períodos anteriores ao início da aceleração do contágio da Covid-19 no País. Os casos da doença entre pacientes com problemas coronarianos tinham incidência que variava de 1,5% a 1,8%.

No entanto, quando comparados com os meses de março e abril, de 2020, quando a pandemia passou ao foco da vida de muitos norte-americanos, essa taxa de doenças do coração saltou para 7,8%.

No estudo, foram analisados 1.914 pacientes em dois hospitais do estado de Ohio, ao longo de cinco ciclos de estudo. Segundo os pesquisadores, pode haver uma relação dos casos de Síndrome de Coração Partido com os quadros de estresse psicológico, social e financeiro gerados pelo medo, pela incerteza e pelo isolamento social.

No Brasil, desde junho de 2020, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) começou a coletar dados de 32 centros cardiológicos com o objetivo de criar um registro nacional de casos da síndrome. Por meio desses registros, é possível identificar o comportamento da doença e quais as características das pessoas mais afetadas no Brasil.

De acordo com o levantamento da SBC, a média dos pacientes acometidos pela Síndrome do Coração Partido tinha 71 anos, na maioria mulheres (90,5%), com prevalência de dor torácica (63,3%) e com histórico de estresse emocional. Este último foi registrado em, aproximadamente, em 40% dos casos.

Uma teoria para que as mulheres sejam mais afetadas pela Síndrome do Coração Partido é em razão dos efeitos causados pela menopausa. Neste sentido, a diminuição dos estrógenos nessa fase da vida seria uma predisposição para as pessoas do sexo feminino sofrerem mais com as alterações cardíacas.

Quais os sintomas da Síndrome do Coração Partido?

Mas o que sente uma pessoa que pode sofrer desta doença? Entre os sintomas mais comuns estão aqueles que se aproximam do infarto, como:

  • aperto no peito;
  • dificuldade para respirar;
  • tonturas e vômitos;
  • perda de apetite ou dor no estômago;
  • raiva, tristeza profunda ou depressão;
  • dificuldade para dormir;
  • cansaço excessivo;

Como prevenir a Síndrome do Coração Partido?

A prevenção da Síndrome do Coração Partido passa pelo cuidado com o corpo e com a mente. Para evitar a doença, a prática regular de exercícios físicos já se demonstrou eficiente no controle do estresse que sobrecarrega o coração.

Atividades como meditação, caminhada e yoga também podem colaborar para o equilíbrio emocional e saúde física. Prestar atenção à saúde cardiovascular, mantendo em dia os exames e consultas de rotina com um Médico Cardiologista é, sem dúvidas, essencial para a proteção do coração.

Por fim, a Síndrome do Coração Partido, a cardiomiopatia do estresse, se caracteriza por uma disfunção do coração, ocasionada por descarga excessiva de adrenalina na corrente circulatória, desencadeada, geralmente, por estresse emocional. Por isso, além do cuidado com a estrutura física, é fundamental buscar ajuda psicológica profissional diante de um trauma ou de um momento de forte emoção.

Para proteger o seu coração dos efeitos físicos e emocionais, conte com o time de Médicos Cardiologistas da CCR Med. Entre em contato e agende sua consulta para viver mais e melhor.

Até o próximo!

Fontes:

PEBMED

Jama Network

G1

HCor

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